Por que os EUA confiscaram R$ 43 milhões de trabalhadores de TI norte-coreanos?
Profissionais usaram identidades falsas para obter empregos remotos e financiar atividades ilícitas da Coreia do Norte
Internacional|Do R7

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou na quinta-feira (5) o confisco de mais de US$ 7,74 milhões (cerca de R$ 43,2 milhões) ligados a um esquema de trabalhadores de tecnologia da informação (TI) da Coreia do Norte.
Esses profissionais, segundo as autoridades norte-americanas, obtiveram empregos remotos de forma fraudulenta em empresas ao redor do mundo, incluindo nos EUA, para gerar recursos financeiros destinados a financiar o programa de armas do governo norte-coreano, em violação às sanções impostas pelos Estados Unidos.
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De acordo com a denúncia apresentada no Tribunal Distrital dos EUA para o Distrito de Columbia, trabalhadores de TI norte-coreanos usavam identidades falsas ou roubadas, incluindo documentos de cidadãos norte-americanos, para conseguir empregos em empresas de tecnologia, como as que desenvolvem blockchain (tecnologia por trás das criptomoedas).
Esses profissionais, muitas vezes baseados em países como China e Rússia, enganavam empregadores desavisados, que os contratavam para trabalhos remotos e pagavam salários em criptomoedas, como USDC e USDT (conhecidas como stablecoins).
Os fundos obtidos eram então transferidos para a Coreia do Norte por meio de técnicas sofisticadas de lavagem de dinheiro, como transferência de criptomoedas entre diferentes blockchains (técnica chamada de “chain hopping”) e mistura de lucros para esconder a origem ilícita dos fundos
Após a lavagem, os recursos eram enviados ao governo norte-coreano, muitas vezes por meio de intermediários como Sim Hyon Sop, representante do Banco de Comércio Exterior da Coreia do Norte (FTB), e Kim Sang Man, diretor da empresa Chinyong, subordinada ao Ministério da Defesa norte-coreano. Ambos foram incluídos na lista de sanções do Departamento do Tesouro dos EUA em 2023.
Por que isso é importante?
A Coreia do Norte está sob sanções internacionais devido ao seu programa nuclear e de mísseis. Essas restrições limitam o o do país a recursos financeiros, o que levou o regime a buscar formas alternativas de arrecadação, como fraudes em criptomoedas e esquemas de trabalho remoto.
De acordo com Matthew Galeotti, chefe da Divisão Criminal do Departamento de Justiça dos EUA, “a Coreia do Norte explora o ecossistema de criptomoedas para financiar suas prioridades ilícitas”.
A investigação, conduzida pelo FBI, a polícia federal dos EUA, revelou que o esquema fazia parte de uma campanha massiva para fraudar empresas norte-americanas.
“Os trabalhadores de TI norte-coreanos usaram identidades roubadas para enganar empresas, gerando receita para o regime autoritário”, disse Roman Rozhavsky, diretor assistente da Divisão de Contrainteligência do FBI.
Ele pediu que empresas que contratam trabalhadores remotos fiquem atentas a essa ameaça. Desde maio de 2022, o FBI, junto com os Departamentos de Estado e do Tesouro, emite alertas sobre os riscos representados por esses trabalhadores.
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